Como voltar a travar relacionamentos com pessoas emocionalmente saudáveis

Jules sentia-se bem apoiada por sua família e amigos próximos, mas percebeu que estava vendo seus amigos menos frequentemente devido às responsabilidades deles. Decidida a expandir seu círculo social, Jules inscreveu-se em uma aula de culinária, onde conheceu Sandy, uma recém-chegada à cidade. Rapidamente, elas se tornaram amigas e começaram a sair juntas regularmente.

Sandy expressou o quanto se sentia completa com a amizade de Jules, que ficou feliz por ter encontrado uma nova companhia. No entanto, Jules achou estranho que Sandy compartilhasse histórias pessoais tão cedo, revelando um padrão de ser aproveitada por amigos anteriores.

Quando Jules apresentou Sandy a outra amiga, Meghan, a interação entre elas foi tensa. Meghan sentiu que havia algo estranho com Sandy, mas Jules defendeu a nova amiga, atribuindo seu comportamento a nervosismo. No dia seguinte, Sandy contou a Jules que Meghan havia feito comentários negativos sobre ela, o que causou um rompimento entre Jules e Meghan.

Jules, após se afastar de amigos e família devido a um relacionamento tóxico, encontrou em Sandy uma nova amiga que parecia preencher o vazio deixado. No entanto, com o tempo, Jules começou a perceber sinais de que Sandy poderia não ser a amiga que ela pensava ser. Após um jantar familiar, a mãe de Jules expressou descontentamento com ela, sem explicar o motivo, o que levou a um distanciamento entre elas. Jules, então, passou a se socializar quase que exclusivamente com Sandy.

Um incidente na cafeteria, onde Jules flagrou Sandy mexendo em sua bolsa, e subsequente desaparecimento de dinheiro e objetos pessoais, fez com que ela questionasse a amizade. Jules decidiu se afastar de Sandy, mas isso a deixou se sentindo sozinha e culpada por ter negligenciado suas relações anteriores.

O texto destaca como relacionamentos tóxicos podem levar ao isolamento e à desconfiança em outros. Ressalta a importância de se reconectar com pessoas emocionalmente saudáveis e ser autêntico nas relações. Sugere que, ao se esforçar para interagir socialmente, é possível reconstruir a confiança e estabelecer amizades não tóxicas. O capítulo promete oferecer dicas específicas para o processo de reconexão social e encontrar pessoas que compartilhem interesses comuns e ofereçam companhia genuína.

Reestabelecer conexões após um afastamento pode ser uma oportunidade para reviver relações saudáveis e importantes. No entanto, é fundamental lembrar que nem todos os relacionamentos que deixamos para trás devem ser retomados. Algumas pessoas podem ter saído da nossa vida por razões válidas, como comportamentos tóxicos ou atitudes prejudiciais. A chave está em discernir quais conexões valem a pena restaurar e quais deveriam ser evitadas.

Ao refletir sobre as pessoas com quem desejamos nos reconectar, é crucial examinar o histórico do relacionamento. A autora destaca que, às vezes, os relacionamentos tóxicos se tornam familiares, e por isso acabamos retornando a eles de forma inconsciente. Em vez de agir impulsivamente, devemos ser cautelosos e avaliar se a pessoa merece nosso tempo e confiança.

Há sinais claros de alerta que devem ser observados antes de reatar qualquer relacionamento. Perguntas como “Essa pessoa me faz sentir culpada ou envergonhada?”, “Ela me humilhou na frente de outros?” ou “Eu me sinto esgotada depois de passar um tempo com ela?” podem ajudar a identificar padrões de comportamento prejudiciais. Se a resposta a essas perguntas for positiva, a autora aconselha reavaliar a decisão de reatar a conexão.

Outro aspecto a ser considerado é a influência de terceiros, como os chamados “macacos voadores” – pessoas que, mesmo sem perceber, servem como instrumentos da pessoa tóxica, levando mensagens, fofocas ou perpetuando dramas. Esses intermediários podem não estar cientes do dano que estão causando, mas sua presença pode indicar que o abusador ainda está ativo no círculo social da vítima.

Ao considerar a reaproximação, é importante ser direto e honesto sobre os limites que precisamos impor para nos proteger. Algumas pessoas recrutadas para levar mensagens entre o abusador e a vítima podem não entender o mal que estão fazendo. Nesse caso, a vítima deve estabelecer limites claros sobre o que é e o que não é aceitável.

As características de uma relação saudável incluem consideração e respeito mútuo. Uma pessoa atenciosa reconhece seus erros, pede desculpas quando necessário e trabalha para mudar seu comportamento de forma positiva. Relacionamentos saudáveis devem permitir que ambas as partes se sintam valorizadas e respeitadas.

Quando se trata de familiares ou amigos que já foram agentes de abuso ou manipulação, devemos estar atentos ao comportamento deles. Se eles insistirem em nos fazer sentir culpados, em nos fazer “merecer” sua aprovação ou se tiverem nos perseguido ou intimidado no passado, é provável que estejam perpetuando um ciclo tóxico. Outras atitudes preocupantes incluem nos deixar esgotados emocionalmente, questionando nosso valor ou capacidade de amar.

Além disso, é fundamental se afastar de qualquer pessoa que ameace machucar a si mesma ou se matar se a relação terminar. Esse tipo de comportamento é um sinal claro de manipulação emocional e não deve ser ignorado. É uma situação delicada que pode exigir ajuda profissional.

Resumindo, a decisão de reatar ou não um relacionamento deve ser tomada com cuidado e reflexão. Nem todas as conexões são boas para nós e algumas podem nos fazer mais mal do que bem. A pessoa que se sente melhor sem contato com alguém deve respeitar seus próprios sentimentos e considerar que talvez seja melhor seguir em frente.

No fim das contas, cada pessoa precisa decidir o que é melhor para si. Reconectar-se com alguém deve ser um processo intencional e consciente, que leva em conta a história do relacionamento e a saúde mental de quem toma a decisão. O ideal é cercar-se de pessoas que tragam positividade e respeito para a vida, criando uma rede de apoio que valorize a individualidade e a segurança de cada um.

Navegando em sua nova visão dos outros

Quando alguém sai de uma relação tóxica, pode acabar adotando comportamentos pouco saudáveis mais rapidamente do que antes, levando a uma série de questionamentos. Será que a pessoa está atraindo comportamentos tóxicos, sempre teve relacionamentos problemáticos e só agora percebeu, ou está vendo problemas onde não existem?

Para encontrar respostas, a pessoa precisa fazer perguntas a si mesma. É importante refletir sobre os sentimentos que surgem ao estar com alguém. A conexão parece saudável ou surge uma sensação de medo ou desconforto? A outra pessoa está exibindo comportamentos prejudiciais?

A autora recomenda confiar nos instintos, porque se algo não parece certo, provavelmente não é. Ninguém deve se conectar a outra pessoa que não tenha seus interesses em mente apenas para ser “legal”. Ouvir a intuição é fundamental. Mesmo que uma pessoa tóxica tenha feito alguém duvidar de sua intuição no passado, ela raramente falha. Se necessário, a pessoa pode revisar critérios sobre relações prejudiciais ou sobre estilos de apego seguros e inseguros, conforme mencionado anteriormente.

Os mesmos critérios aplicados a relacionamentos tóxicos devem ser usados com qualquer pessoa. Se alguém está buscando orientação, pode aprender mais sobre sinais de alerta e dinâmicas não saudáveis, como a codependência, para proteger-se de futuras relações tóxicas.

Um testemunho incluído destaca a importância da terapia para aprender a reconhecer relações saudáveis e eliminar pessoas tóxicas. Uma vez que a pessoa compreendeu essas diferenças, conseguiu remover essas influências negativas de sua vida e melhorar significativamente seu bem-estar ao gastar menos energia com pessoas que não a beneficiam.

Cuidado com grupos insalubres

Quando alguém deixa um relacionamento tóxico, pode se tornar vulnerável a cair em outros ambientes prejudiciais, como cultos, grupos extremistas ou esquemas de marketing multinível. Pessoas que saem dessas relações costumam estar fragilizadas, e a necessidade de pertencer a um grupo pode torná-las suscetíveis a manipulação.

Os líderes de grupos extremistas costumam atrair pessoas que estão tentando reconstruir suas vidas ou se curar de experiências difíceis. Eles se aproveitam da vulnerabilidade dessas pessoas, sabendo que elas são menos propensas a questionar as táticas do grupo. Alguns sinais de que uma organização é extremista incluem a criação de uma mentalidade “nós contra eles”, alegações de que o grupo possui informações “secretas” e a atribuição de um status quase divino ao líder.

Além disso, esses grupos frequentemente desencorajam seus membros a buscar informações externas e mantêm regras e regulamentos acessíveis apenas para membros “avançados”. A exploração sexual também pode ocorrer, e há relatos de líderes que mantêm as pessoas presas nos edifícios do grupo. Quem tenta sair muitas vezes enfrenta ameaças de violência ou excomunhão.

Outro tipo de organização prejudicial é o marketing multinível (MMN). Esses grupos normalmente exigem um investimento inicial para participar e envolvem a venda de produtos ou serviços. A maior parte do dinheiro acaba nas mãos de quem está no topo, enquanto a maioria dos participantes perde dinheiro. Empresas que exigem pagamento antecipado para vender seus produtos devem ser encaradas com ceticismo.

Quem se distancia de uma família tóxica pode perder apoio financeiro, tornando-se um alvo fácil para os MMN. Portanto, é importante verificar se a empresa tem reclamações registradas no escritório do procurador-geral do estado e se há políticas de reembolso para produtos não vendidos. Um advogado pode revisar qualquer contrato que precise ser assinado. A melhor opção, porém, é evitar esses esquemas por completo.

Kirk, de 38 anos, compartilha sua experiência ao entrar em um grupo que parecia oferecer um senso de pertencimento. No entanto, ele logo descobriu que as pessoas estavam dedicadas ao líder e acreditavam que ele não podia errar. Ele percebeu que, sem perceber, havia se envolvido em outro relacionamento abusivo.

A autora sugere um “check-in” para identificar sinais de que alguém pode estar envolvido em um grupo extremista. Se a pessoa sente que finalmente pertence ao grupo, o líder pede que ela abra mão de suas posses ou lhe dê controle financeiro, ou se é incentivada a cortar laços com familiares e amigos que não estão no grupo, essas são bandeiras vermelhas. Outras indicações incluem ser desencorajada a fazer perguntas sobre a liderança, ameaças de violência ou excomunhão, e gaslighting por parte do líder.

Grupos extremistas muitas vezes mostram extremo favoritismo a certos membros, além de promover ódio contra determinados grupos de pessoas. A quantidade de bandeiras vermelhas identificadas pode indicar o nível de envolvimento.

Para quem se sente preso a um grupo desse tipo, é vital buscar ajuda externa. Pode ser de amigos ou familiares de confiança, ou de autoridades. Terapia também é recomendada, já que um profissional de saúde mental pode fornecer orientação durante o processo de recuperação.

A principal lição é que, após sair de uma relação tóxica, as pessoas precisam ser cuidadosas ao se envolverem com novos grupos ou organizações. É crucial reconhecer os sinais de alerta para evitar repetir padrões de abuso. Cultivar relacionamentos saudáveis e apoio externo pode ajudar a pessoa a reconstruir sua vida com segurança e discernimento.

Encontre um grupo saudável

Participar de grupos, seja de terapia ou de interesse, pode ser uma forma excelente de se reconectar com outras pessoas e criar novas amizades. Encontrar um grupo com um hobby compartilhado pode tornar a interação mais tranquila, pois os participantes terão um ponto comum para iniciar conversas. Para quem sofre de ansiedade social, juntar-se a grupos com interesses semelhantes pode ser particularmente benéfico. Falar sobre assuntos que já conhecem reduz o estresse de entrar em discussões sobre tópicos desconhecidos.

No entanto, pode ser intimidador no início, especialmente para quem está acostumado a ficar sozinho ou não socializar muito. É essencial lembrar que todos os membros do grupo passaram por algum nível de ansiedade quando entraram. Se for um grupo saudável, os participantes provavelmente farão com que os recém-chegados se sintam bem-vindos, ajudando a reduzir a ansiedade com o tempo.

Se mesmo após várias interações a ansiedade permanecer, é útil refletir e avaliar se os membros do grupo estão emocionalmente saudáveis ou se há questões de ansiedade que precisam ser resolvidas individualmente.

Há diversas opções para conhecer novas pessoas, como participar de eventos culturais, aulas, clubes de leitura, festivais, fóruns e parques para cães. Jogos, corridas, atividades de voluntariado e centros comunitários também podem ser bons pontos de partida. Aplicativos para fazer amigos, grupos religiosos, grupos de viagem, esportivos e de ativismo social, entre outros, oferecem oportunidades para encontrar pessoas com interesses semelhantes. A participação em grupos de 12 passos pode ser útil para quem busca apoio emocional específico.

Para socializar em um grupo, o importante é ter a iniciativa de fazer um convite e não se preocupar excessivamente com a possibilidade de rejeição. Um “não” pode ser doloroso, mas é uma resposta comum e inevitável. As razões para recusar um convite muitas vezes têm a ver com questões pessoais da outra pessoa, como ansiedade social ou outras prioridades na vida, e não com quem fez o convite.

No geral, a mensagem é que a socialização pode ser uma experiência enriquecedora e fundamental para o crescimento pessoal e emocional. Encontrar grupos que proporcionem apoio, compreensão e interesses comuns pode ajudar na construção de laços duradouros e criar um senso de pertencimento que é benéfico para o bem-estar.

Os prós e contras de se conectar pela internet

Atualmente, a tecnologia facilita o contato com amigos, familiares e a oportunidade de conhecer novas pessoas. No passado, as conexões eram feitas principalmente por meio de amigos e parentes, mas isso tem mudado com o surgimento das redes sociais e da internet. Para aqueles que vêm de famílias disfuncionais, pode ser difícil conhecer pessoas através dos familiares. Felizmente, a internet oferece alternativas saudáveis para formar novas conexões.

Há diversos sites e aplicativos que permitem encontrar grupos baseados em interesses e localização. Também existem grupos de apoio, como os de 12 etapas, que ajudam a recuperar-se de relacionamentos difíceis com familiares ou pessoas disfuncionais. Encontrar um grupo que corresponda aos interesses e necessidades pode ser transformador, mas também é útil encontrar esses contatos pessoalmente, pois isso ajuda a fortalecer as amizades, especialmente nos estágios iniciais.

No entanto, conhecer pessoas online tem seus riscos. É importante monitorar o tempo gasto na internet, pois isso pode afetar o gerenciamento de prioridades e levar ao desenvolvimento de sentimentos de depressão e ansiedade. Passar muito tempo nas redes sociais pode agravar esses problemas, tornando o gerenciamento do tempo fundamental. Uma dica prática é usar um cronômetro para lembrar-se de sair da internet.

Além disso, é essencial ser cauteloso ao compartilhar informações pessoais e verificar se as pessoas com quem se está conversando são realmente quem dizem ser. A vulnerabilidade que algumas pessoas podem estar experimentando pode ser detectada por indivíduos mal-intencionados, que podem tirar vantagem da situação. Se encontrar alguém conhecido na internet, é uma boa prática levar outra pessoa e sempre marcar em locais públicos para maior segurança.

Em resumo, embora a internet e a tecnologia tenham facilitado as conexões sociais, é fundamental manter um equilíbrio entre as interações virtuais e a vida offline. Estar ciente dos riscos potenciais, gerenciar bem o tempo e priorizar conexões significativas são passos importantes para garantir que essas novas relações sejam saudáveis e genuínas.

Como se reapresentar

Reatar laços com um amigo ou parente pode ser desafiador, especialmente quando muito tempo passou e há incerteza sobre como iniciar a conversa. Uma abordagem respeitosa pode ajudar a reacender esses relacionamentos: começar reconhecendo o tempo distante e expressando o desejo de retomar o contato, ao mesmo tempo que se está aberto a desculpas caso tenha havido alguma mágoa. Por exemplo, algo simples como: “Eu sei que não estivemos muito em contato ultimamente. Espero que possamos voltar a ter um relacionamento. Se te magoei de alguma forma, peço desculpas. Vamos começar de novo?” pode abrir portas para uma conversa significativa.

A escolha do meio de comunicação depende do tipo de relacionamento que existia anteriormente. Para alguns, uma ligação pode ser a forma mais direta e emocional, enquanto uma mensagem de texto pode ser mais confortável, embora ela possa carecer de nuances e comunicação não verbal. O importante é escolher um método que pareça apropriado e respeitoso para a situação, sem se preocupar excessivamente em agradar. Se a outra pessoa se ofender com a forma de contato, talvez valha a pena reconsiderar se realmente deseja cultivar esse relacionamento.

É crucial estar preparado para aceitar que o outro pode não estar disposto a se reconectar, o que pode acontecer por diferentes razões pessoais. Às vezes, as pessoas mantêm uma política de “tolerância zero” quando se trata de relações, evitando reatar laços como forma de proteção. Embora essa abordagem possa parecer insensível, muitas vezes não tem nada a ver com quem tentou o contato. Nessas situações, é importante lembrar que a forma como as pessoas tratam os outros frequentemente reflete mais sobre elas mesmas do que sobre a pessoa que tentou reaproximar.

Para muitos, reatar laços pode ser gratificante, como no caso de Jules, que decidiu primeiro entrar em contato com sua mãe para tornar o processo menos estressante. Sua iniciativa deu-lhe coragem para estender a mão a outros familiares e amigos, reatando relacionamentos que haviam sido deixados de lado. E, como Maria descobriu ao falar com a irmã, mesmo após anos de afastamento, às vezes a conversa flui como se o tempo não tivesse passado.

Portanto, reatar relacionamentos pode ser um processo emocional e sensível, mas, ao abordar com empatia, disposição para ouvir e disposição para oferecer desculpas, pode-se criar oportunidades para reconstruir amizades e laços familiares valiosos.

Pelo que você deve e não deve se desculpar

Ao reconectar-se com pessoas queridas, pode surgir uma vontade de se desculpar por tudo que aconteceu entre vocês. Essa reação é comum, mas há o risco de desenvolver uma dinâmica prejudicial no relacionamento ao se desculpar excessivamente, especialmente por coisas que não são de sua responsabilidade. Muitas pessoas estão habituadas a pedir desculpas constantemente, talvez por experiências prévias com parceiros, chefes ou amigos tóxicos.

Há situações em que as desculpas não são necessárias, como ao expressar sentimentos, manter limites ou defender direitos como pessoa. Isso não deve ser motivo de desculpas, pois são questões que cada um tem o direito de preservar. Quando surge a vontade de se desculpar, é importante refletir se essa atitude é mesmo necessária ou se está sendo guiada por um padrão automático.

Existem, no entanto, momentos em que as desculpas são apropriadas e necessárias. Por exemplo:

  • Quando um erro foi cometido ao tratar alguém.
  • Ao fornecer informações incorretas, de forma consciente ou inconsciente.
  • Quando houve mentira deliberada ou acidental.
  • Ao agir de forma contrária às próprias crenças e valores.
  • Quando a outra pessoa expressa ter sido magoada ou ofendida.
  • Se informações úteis ou importantes foram omitidas, prejudicando a outra pessoa.

Mesmo nestes casos, é possível que um pedido de desculpas seja mais bem recebido ao ser reformulado como uma declaração assertiva. Em vez de “Sinto muito por tomar seu tempo”, pode-se dizer “Obrigado por ser paciente”, por exemplo. Reformulando assim, a pessoa expressa agradecimento, assertividade e se defende, evitando uma postura excessivamente submissa ou que diminua sua autoestima.

Por fim, ao se reconectar com entes queridos, é importante refletir sobre o propósito e o impacto das palavras, optando por uma abordagem equilibrada que mostre disposição para reparar erros sem sacrificar a autoestima ou os próprios limites.

Declarações do tipo “Eu sinto”

Quando as pessoas precisam expressar suas preocupações, sentimentos ou estabelecer limites, utilizar uma declaração “eu sinto” pode ser uma maneira eficaz de comunicar-se sem atribuir culpa. Essa estrutura básica permite informar a outra pessoa de maneira clara e respeitosa, evitando que ela se sinta atacada ou culpada, o que poderia levá-la a uma postura defensiva.

A estrutura típica é algo como: “Quando (acontece algo), eu sinto (uma emoção) porque _____. Acho que deveríamos (proposta de solução).” Por exemplo, “Quando ligo e minha ligação não é atendida por semanas, fico ansiosa porque sinto que fiz algo errado. Acho que deveríamos manter contato semanalmente.”

Ao utilizar declarações desse tipo, o importante é evitar usar “você”, pois isso pode fazer com que a outra pessoa se sinta responsável pelo problema, o que tende a provocar resistência e dificultar a comunicação. Ao declarar as próprias necessidades e sugerir possíveis soluções, há uma maior chance de iniciar um diálogo construtivo.

Outra técnica é propor a solução usando “nós”, convidando a outra pessoa a buscar uma solução colaborativa. Dessa forma, deixa-se claro que a intenção é solucionar o problema juntos, como uma equipe, evitando o confronto direto.

Entretanto, é importante reconhecer que utilizar esse tipo de declaração não garante que a outra pessoa estará aberta a discutir a preocupação ou buscar uma solução. No entanto, ao tentar, pelo menos fica claro que a iniciativa foi tomada. Se a outra pessoa não quiser cooperar, isso é mais um reflexo dela do que de quem tomou a iniciativa.

Reflexão e Preparação de Declarações “Eu Sinto”

Às vezes, existem problemas nos relacionamentos que precisam ser apontados, mas a pessoa pode hesitar ao tentar abordá-los. Escrever previamente o que será dito ajuda a diminuir o estresse da situação. Imagine, por exemplo, um colega de quarto que constantemente deixa pasta de dente na pia. Apesar de ser fácil de limpar, isso pode ser irritante. Pergunte a si mesmo: é razoável pedir para que a pia seja deixada limpa? Sim, porque adultos devem limpar o banheiro como um sinal de cortesia e respeito.

Depois de avaliar a razoabilidade do pedido, crie a declaração no formato “Eu sinto”: “Quando você deixa cair pasta de dente na bancada, fico frustrado porque gosto de ver a pia limpa e não quero me sujar. Que tal cada um limpar a pia depois de usar o banheiro?”

Praticar frases “eu sinto” antecipadamente para problemas nos relacionamentos ajuda a criar confiança para a conversa real. Se ensaiar com um amigo ou familiar próximo, é possível ajustar a comunicação e se dessensibilizar para a conversa real, tornando-a mais fluida e efetiva.

Sentir-se na defensiva com os outros

Receber críticas sobre o próprio comportamento pode ser desafiador, especialmente se a pessoa já passou por experiências de menosprezo por parte de figuras tóxicas no passado. A memória dessas experiências abusivas pode ressurgir ao ouvir qualquer crítica, levando a reações defensivas e sentimentos de vulnerabilidade. No entanto, é essencial entender que nem todas as críticas são destrutivas ou têm más intenções.

Quando as críticas vêm de pessoas emocionalmente saudáveis, elas frequentemente são feitas de maneira construtiva, visando o bem-estar do relacionamento e o crescimento pessoal. Ao abordar abertamente preocupações e conflitos, essas pessoas mostram maturidade e um desejo de fortalecer os laços, evitando que as desavenças se transformem em ressentimentos.

Uma crítica construtiva geralmente é feita com gentileza e respeito. Por exemplo, alguém pode dizer: “O tom de voz que você usou esta manhã me deixou desconfortável. Podemos conversar sobre isso?” Uma resposta defensiva, por outro lado, poderia ser: “Não faço ideia do que você está falando” ou “Não, não vamos falar sobre isso”. Mas uma resposta saudável envolve reconhecer os sentimentos do outro e expressar empatia, mesmo se não se concordar totalmente com a percepção: “Sinto muito por ter magoado você. Sim, vamos conversar.”

Para ajudar a identificar reações defensivas, uma lista de comportamentos pode ser útil. Entre eles, considerar se:

  • Ao receber críticas, automaticamente sente que o outro não tem direito de ficar aborrecido.
  • Reage a críticas construtivas considerando a outra pessoa uma idiota.
  • Guarda rancor depois de saber que alguém está chateado.
  • Evita pessoas para não ter que lidar com críticas.
  • Abandona empregos ou atividades após receber críticas construtivas.
  • Reage a críticas gritando ou berrando.
  • Sai da sala com raiva após ouvir preocupações sobre si.
  • Fala mal de quem expressou uma preocupação.
  • Chora quase imediatamente após receber críticas.
  • Faz piadas para desviar do problema.

Responder “sim” a qualquer um desses comportamentos pode indicar um mecanismo de defesa em ação. Identificá-los é um passo importante para compreender e gerenciar reações defensivas. Procurar o apoio de um terapeuta pode ser útil para trabalhar essas questões. O profissional pode fornecer estratégias para praticar respostas atenciosas e não defensivas, contribuindo para um comportamento mais saudável e aberto ao receber críticas construtivas.

Cerque-se de uma equipe de apoio

Uma rede de apoio é essencial para navegar pelos desafios da vida, fornecendo um porto seguro para compartilhar ideias e preocupações. Mesmo para aqueles que se sentem isolados ou não gostam de socializar, ter pelo menos uma pessoa com quem possam contar é fundamental. Essa pessoa deveria estar disponível a qualquer momento, inclusive de madrugada, quando uma crise surgir. Claro, a gentileza é uma via de mão dupla, e oferecer essa mesma abertura à outra pessoa é igualmente importante.

Muitas vezes, pode-se ter uma rede de apoio já existente, mesmo sem perceber, devido ao isolamento prévio. Uma breve reflexão sobre as conexões no trabalho, vizinhança, internet ou locais de culto pode revelar um grupo maior do que imaginado. É útil listar esses nomes para saber a quem recorrer nos momentos de necessidade. Para quem acredita não ter uma rede estabelecida, procurar pessoas que aceitem quem você é, e que sejam boas ouvintes, pode ser um ponto de partida.

Para visualizar e construir essa rede, uma ideia é criar um alvo com três círculos concêntricos. No círculo do meio, escreva os nomes das pessoas com quem você poderia contar a qualquer hora. No próximo círculo, anote os nomes daqueles com quem você se sentiria confortável para ligar durante o dia, mas que talvez não estivessem disponíveis à noite. No círculo externo, escreva os nomes de conhecidos – aquelas pessoas que você vê ocasionalmente, como na igreja ou no bairro, e que, embora não sejam consideradas amigos íntimos, são agradáveis.

Ao observar o alvo preenchido, percebe-se que a rede pode ser maior do que se imaginava. Manter uma foto desse alvo no celular pode servir como um lembrete de apoio nos momentos de solidão. Vale a pena fortalecer os relacionamentos do círculo central e buscar conhecer melhor as pessoas dos círculos externos, cultivando relações saudáveis.

Reconhecer os pontos fortes da rede atual pode ser reconfortante, enquanto a busca por novas conexões continua. O exercício de identificar e valorizar aqueles que fazem parte do seu círculo ajuda a construir um senso de pertencimento e segurança, essenciais para o bem-estar emocional.

Não se apegue aos resultados

Reconectar-se com outras pessoas pode ser uma jornada repleta de desafios, especialmente se houver sentimentos de ansiedade e medo envolvidos. Mas é fundamental entender que desistir do apego ao resultado é um passo essencial para evitar a pressão sobre si mesma e sobre os outros durante esse processo. Em vez disso, deve-se prestar atenção no que se aprende com a experiência e valorizar cada esforço feito para criar ou restabelecer laços.

Depois de períodos de isolamento, reconectar-se com familiares e amigos pode ser difícil, mas é uma parte crucial do processo de cura. Mesmo se a outra pessoa não responder como o esperado, é preciso orgulhar-se de ter tentado, pois este é um sucesso por si só. Esse tipo de iniciativa pode ajudar a resgatar a confiança, quebrar a zona de conforto e mostrar que sempre é possível tentar novamente.

Neste capítulo, discutiu-se como o isolamento é frequentemente promovido por indivíduos que buscam exercer controle sobre os outros. No entanto, ao reconhecer essa manipulação, é possível combater seu efeito, reconectando-se com amigos e familiares. Caso as relações prévias sejam tóxicas, é possível buscar novas conexões que sejam mais saudáveis e oferecerão o apoio necessário.

A construção de um sistema de apoio sólido é fundamental. Poder contar com outras pessoas ajuda durante os momentos de luto e perda, fornecendo uma rede de segurança emocional. Ao final, cultivar novas conexões ou restaurar antigas permite encontrar um espaço onde as ideias e preocupações podem ser processadas e compartilhadas.

A reconexão é um processo dinâmico e, ao desistir do apego ao resultado, cada tentativa bem-sucedida contribui para fortalecer a confiança, aprimorando a capacidade de se relacionar com os outros.

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