Quando buscamos o significado do amor além da definição da palavra em si, onde é definido como forte afeição por outra pessoa nascida de laços de consanguinidade ou de relações sociais; nos deparamos com inúmeros significados deste sentimento que sempre envolverá o ser humano e suas relações.
Ao nos referir especificamente ao amor romântico, as relações amorosas, esta infinidade de significados e transcendência aparece como neste sentimento que encanta e desafia nosso comportamento afetivo.
Sempre tema de diversas abordagens filosóficas, poéticas e sociais, o amor que trazemos conosco aparece desde a gestação, quando a mãe já desenvolve o sentimento mais sublime por aquele pequeno ser que logo irá mudar por completo sua história de vida e afetar todas as pessoas próximas frente a uma nova vida que chega.
Passamos a receber amor, assimilar os comportamentos amorosos, entender quando gestos estão carregados de carinho e afeto nos instigando a demonstrar o mesmo.
Na hora de expressar amor é que talvez possamos nos “atrapalhar” um pouco.
Muitos relacionamentos amorosos começam a entrar em desarmonia justamente na hora de mostrar ao outro o quanto o amamos.
As pessoas aprendem a amar de maneiras diferentes. Cada um é criado de uma forma única.
Muitas das vezes, aliás, o amor talvez nem estivesse tão presente em sua história afetiva.
São inúmeras as hipóteses que acabam por fazer com que alguém tinha imensa dificuldade na hora de conviver com quem ama e expressar seu amor de maneira clara.
Os terapeutas de casal e outras pessoas que atuam como conselheiros matrimoniais se deparam com esta queixa seguidamente por anos: meu companheiro não me ama, não mostra o seu amor por mim da mesma maneira como eu o faço.
Na verdade esta queixa nem deveria ser uma queixa, reclamação ou lamento, trata-se apenas de um fato: é muito difícil alguém agir e se expressar de uma maneira igual ao sei jeito de fazê-lo. É uma questão de lógica: cada indivíduo entende e mostra seus sentimentos da maneira como aprendeu.
Diante deste dilema conjugal onde os casais trazem de maneira recorrente esta mesma dificuldade, um escritor e experiente conselheiro matrimonial com mais de quarenta anos de experiência, pastor da igreja Batista, publicou o best seller As 5 Linguagens do Amor.
Apesar da publicação de Gary Chapmann ter ocorrido no ano de 1995, o livro segue como uma das obras mais conhecidas e adotadas por vários casais e especialistas como ferramenta valiosa na hora de entender melhor os casamentos e também como uma boa leitura para os casais adotarem enquanto método de ajuda para manter ou melhorar o casamento.
Formado em Antropologia, com mestrado e doutorado em Seminário Teológico, Chapmann, que vive nos Estados Unidos, ainda trabalha em outros livros além de participar de palestras e conferências ao redor do mundo compartilhando suas experiências na área de aconselhamento conjugal.
Além disso, ele mantém um programa de rádio que é transmitido e distribuído nacionalmente.
Apesar de se tratar de um pastor da Igreja Batista, sua fé e crenças não interferem em absolutamente nada no que diz respeito a sua experiência e conduta imparcial no conteúdo que ele traz no livro.
Isto quer dizer que o leitor pode compartilhar da mesma crença ou não que o conteúdo terá o mesmo impacto na assimilação de suas lições de suporte e intervenção no comportamento do casal.
Mas o que o livro traz de tão precioso para os casais?
Vamos entender mais sobre esta obra tão rica e no que ela pode nos ajudar enquanto pessoas que mantém ou que anseiam manter uma relação amorosa mais saudável e harmônica.
Antes das cinco lições, devemos entender três pontos básicos que este nos apresenta como o tripé que pode manter em pé ou derrubar de vez uma relação amorosa.
O primeiro destes três pontos é que a medida que os anos passam, a comunicação vai adquirindo cada vez mais importância no relacionamento.
O segundo ponto é identificar cinco maneiras diferentes de receber e demonstrar seu amor.
Por último, a importância de saber identificar qual é a linguagem de amor que você e o seu parceiro usam para aumentar ainda mais a intimidade entre os dois.
Estas três premissas são a base de todo o processo para entender a linguagem do amor tanto sua quanto a do outro a fim de elevar o nível de seu relacionamento amoroso.
Ser mais assertivo na comunicação afetiva, entender qual tem sido a sua linguagem além de identificar a linguagem do outro são os objetivos desta obra.
As 5 Linguagens do Amor
Quando passamos a enxergar as particularidades que o outro traz, as diferenças no seu jeito de assimilar o mundo ao seu redor e a individualidade que este possui na hora de refletir e comunicar todas estas percepções são a base para que um relacionamento amoroso possa dar certo.
Quando deixamos de ser prioridade conseguimos trabalhar a empatia a fim de entender os comportamentos dentro da relação e onde é que tem ocorrido os ruídos que atrapalham a comunicação do casal.
É justamente pensando em como nos expressar amorosamente que Gary Chapmann nos conduz para um método onde podemos tornar o nosso relacionamento interpessoal mais eficiente e promissor.
Primeira Lição: Palavras de Afirmação
Por mais incrível que possa parecer, muitas pessoas não conseguem ou simplesmente não emitem palavras gentis e de encorajamento ao parceiro.
Sentenças simples como “o almoço estava ótimo” ou “o modo como você resolveu isso foi muito bom” são coisas muito simples e até bobas, mas para quem ouve e principalmente vindo de quem se ama, é um estímulo a mais no dia a dia.
Ressaltar o que o outro fez bem, reconhecer suas qualidades e habilidades verbalmente além da gentileza que deve haver todos os dias como o “obrigado”, “bom dia, boa noite”, “com licença” e “por favor” faz toda a diferença.
Quando verbalizamos o afeto simples, tornamos nosso lar mais harmônico, mais aconchegante.
Dá vontade de estar em casa, de ficar por ali.
É assustadoramente simples perceber que este comportamento faz muita diferença na vida a dois.
Afinal é muito melhor ouvir um “por favor, você pode trazer um copo d’água para mim?” do que um “traz água!”.
É um mero detalhe? Sim. Mas faz muita diferença quando você estiver em um dia ruim e ouvir este pedido desta maneira suave.
Segunda Lição: Tempo de Qualidade
Em tempos de internet, celular, redes sociais é muito fácil se distrair.
Nos tempos atuais nosso trabalho pode nos obrigar a ter uma rotina muito puxada onde às vezes até mesmo em casa temos de nos dedicar à algum trabalho ou pessoa que nos solicita maior atenção.
O nosso tempo parece que diminuiu. Está tudo muito corrido, às vezes não conseguimos estabelecer horários regulares para nossas atividades.
Sendo assim, quando estivermos com nosso companheiro devemos priorizar este momento.
Se estiverem assistindo um filme juntos, nada de ficar olhando celular, respondendo mensagens. Dê atenção ao momento a dois.
Olhar nos olhos, ouvir com atenção, conversar atentamente é um cuidado que expressa ao outro que você realmente está ali com ele.
É extremamente desagradável quando ao lado de quem se ama percebemos uma situação, cena do filme que nos identificamos e quando vamos comentar com o outro ele está desatento, olhando o celular.
Esta lição é a seguinte: não precisa deixar de lado suas atividades, mas quando se dispuser a ficar com o outro, dedique-se a qualidade deste tempo com a pessoa.
Esteja presente realmente.
Reserve o momento a dois somente para este número: duas pessoas.
Lição três: Toque Físico
Não, não estamos falando de sexo. É o toque mesmo.
O encostar, abraçar, acarinhar, dar as mãos.
O toque físico é de extrema importância na expressão do afeto, do amor.
Dar as mãos enquanto passeia, acolher nos braços quem se ama, um carinho no rosto, fazer uma massagem nos ombros para aliviar a tensão do outro, abraçar simplesmente do nada… Estes toques sutis estão dizendo: eu te amo.
Vários estudos mostram o quanto o carinho, o toque afetuoso faz bem para o outro e para nós mesmos. O toque carinhoso estimula até mesmo a imunidade.
A comunicação não envolve somente palavras, os gestos dizem muito também.
Mantenha este hábito para demonstrar que você gosta de estar próximo, acolher, proteger. Quem é que não gosta disso?
Lição Quatro: Atos de Serviço
Quando a pessoa nos faz um favor, nos presta um serviço apenas pelo motivo de querer ajudar, isto é um ato de serviço.
O comportamento de ajudar o outro seja lavando uma louça, abastecendo o carro porque o outro irá precisar dele amanhã ou comprando determinada marca de bebida porque sabe que é esta que o outro gosta são atitudes que dizem que você ama a pessoa.
Agir sem esperar que o outro peça é um cuidado, um carinho que se faz na pessoa para que esta possa ter um trabalho a menos na vida diária. É uma expressão de afeto que diz duas coisas: que você conhece o gosto do outro e que reconhece e valoriza seus esforços em suas atividades na rotina de casa.
Fazer uma gentileza, um favor tanto para o companheiro quanto para outra pessoa é um ato que expressa nossa capacidade de cuidar, se importar e valorizar o outro.
Todos gostamos de receber uma gentileza. Se esta vier de modo inesperado e da pessoa que amamos então… Sem dúvida trata-se uma linguagem de amor.
Lição Cinco: Recebendo Presentes
O ato de dar presentes traz em si uma linguagem de afeto e carinho para quem o recebe.
Não falamos aqui de presentes caros e bonitos, mas sim de objetos que refletem o quanto o outro conhece o parceiro.
Seja em uma data específica como aniversários, aniversário de relacionamento, Natal, Dia dos Namorados ou em dias comuns, quando eu me predisponho a pensar em algo, buscar isso e oferecer ao parceiro, a mensagem é: eu gosto de você e estou lhe oferecendo isto como símbolo deste amor.
À medida que convivemos com nosso companheiro, aprendemos mais e mais sobre seus gostos e preferências.
Quando olhamos algo e nos lembramos da pessoa, só esta lembrança já é um ato involuntário de afeto.
Ao pegar esta lembrança, buscar o presente e oferecer, estou demonstrando meu amor claramente.
Voltamos a ressaltar: não estamos falando de valor financeiro mas sim do gesto, da dedicação de alguns momentos do dia a dia corrido para encontrar o que o outro gosta e oferecer à ele.
A pessoa vai se lembrar daquele presente sempre, pois foi um gesto de amor que foi expresso materialmente, através daquele objeto.
Quando quem ofereceu o presente se depara tempos depois com o cartão, a fita do embrulho ou algo que veio com o presente cuidadosamente guardado pelo outro então, a satisfação de estar com quem se ama se renova mais uma vez.
Estas são as cinco linguagens do amor que os casais precisam adotar e manter.
Estes comportamentos vão dizer, por si só, que o amor está ali.
Ao adotar estas medidas simples, outros comportamentos serão desencadeados que por sua vez, vão fortalecer ainda mais o relacionamento.
A abnegação, por exemplo, é trabalhada mais efetivamente.
Ao me concentrar nas necessidades e preferências do outro, eu deixo de me colocar sempre como o centro das coisas e foco no outro.
Ao invés de passar meu tempo reclamando com o outro dizendo como EU gosto das coisas, eu foco no que ele gosta.
Esta atitude faz todo o sentido porque ao demonstrar por gestos que o outro é importante em sua vida, a tendência é de que o outro se comporte da mesma maneira.
O que ocorre então é uma troca. Justamente a premissa básica de toda comunicação: troca.
A empatia é outra qualidade desencadeada pelas linguagens do amor.
Ao me colocar no lugar do outro para entender seu comportamento e como devo me portar, eu deixo de adotar somente o meu ponto de vista.
É um exercício contínuo de amar entender as necessidades do outro, enxergar, perceber o outro e considerar tanto suas equivalências quanto suas diferenças enquanto características importantes de sua personalidade.
A intimidade também aumenta gradativamente já que a expressão do amor é um conjunto de atitudes que mostram exatamente o que o outro gosta de que maneira gosta. Estas peculiaridades do gosto do outro trazem uma identidade própria ao casal.
Ao me forçar a pensar no outro, a considerar suas diferenças não como defeitos, mas como característica própria, nós saímos de nossa zona de conforto de viver cercado apenas do que nós gostamos.
Isto promove o crescimento pessoal. Eu passo a conviver e respeitar outra pessoa simplesmente porque esta pessoa me faz bem.
O fato de ela gostar de algo que eu não gosto não é mais um defeito, mas sim uma oportunidade de eu conhecer mais sobre a vida sob outro ponto de vista.
Compartilhar, expressar o amor de maneira mais significativa cria uma rotina de cuidado que fortalece ainda mais o relacionamento.
Passamos a entender o outro através de suas atitudes. Eu “leio” a pessoa.
Isso traz um significado mais amplo do que entendemos pelo tão batido “eu te amo”.
Expressar o amor é muito mais que uma frase. Este exercício de ressignificar o amor através de comportamentos renova o sentimento cada vez mais.
Ao lembrar-se das cinco formas de dizer eu te amo você pode utilizar algumas destas lições ou todas, com outras pessoas que você ama.
Pode ser um irmão, amigo, pais, etc.
O importante é manter sempre esta comunicação. Não interessa o modo como você vai expressar o seu amor, mas sim a frequência com que você o faz.
Um relacionamento saudável não nasce simplesmente. É construído com tempo e dedicação.
É preciso se empenhar, lembrar-se destas formas de expressão e se esforçar.
Claro que nem todo dia o humor estará bom, mas não existe dia ruim para gestos mínimos de afeição como respeitar o momento do outro, perceber que nem sempre o mau humor do outro tem a ver com você, respeitar quando ele precisa de um tempo para si, de seu momento de recolhimento são ações que também expressam carinho.
Isto vale para ambas as partes. Tanto quem comunica, expressa quanto para quem recebe esta mensagem de carinho.
É preciso haver troca. Eu me expresso, mas tenho de dar espaço para permitir que o outro também o faça.
Uma das coisas que mais desgasta uma relação é a reclamação constante acerca do comportamento do outro.
Ao invés de falar, repetir, aja com amor usando as lições aqui aprendidas.
Você vai perceber que o outro irá se afetar com isso e também vai agir de uma maneira parecida.
O exemplo de amor é mais valioso que o simples verbo.
Na Terapia de Casal são trabalhadas muitas questões abordadas por Chapmann em seu livro.
Quando o terapeuta pergunta, por exemplo, o que você tem feito pelo seu parceiro, ele está falando da lição Atos de Amor.
Explorar e entender como cada um recebe e expressa o amor é a base do aconselhamento matrimonial ou da terapia de casal.
Pode ocorrer também de uma das cinco linguagens do amor não afetar o parceiro como o esperado.
Ás vezes uma pessoa gosta mais de receber uma gentileza (Lição Atos de Serviço) do que ganhar presentes (Lição Recebendo Presentes).
Daí é questão de perceber o que o outro considera mais importante e adotar esta comunicação em específico.
Mas é importante lembrar que se o outro não corresponde como você espera não é que ele não goste de seu gesto ou não o valorize. Trata-se simplesmente de uma questão de preferência.
Ele prefere X lição ao invés da Y.
A questão do toque físico também merece atenção especial.
Se o casal não costumava fazer estes gestos e de repente um toma a iniciativa, pode soar estranho. Mas é só ir aos poucos, explicar que o toque, o carinho é algo que você sente falta e resolveu fazer de agora em diante.
Tudo tem de ser trabalhado de maneira suave e sem cobrança.
Também não adianta você se predispor a ajudar em casa e logo em seguida jogar na cara “- Poxa! Eu fiz tal coisa e você nunca faz o mesmo!”. Não é assim que funciona.
Tudo leva tempo no que diz respeito a comportamento humano.
Lembre-se do início deste texto onde dizemos que cada pessoa foi criada e educada de uma maneira única.
Ou seja: cada um tem seu tempo de assimilação e reação.
Respeitar o tempo do outro também é expressão de amor.
Você tem o seu tempo de reação e o outro também. São tempos individuais.
Ás vezes temos extrema dificuldade em promover atos de amor.
Caso seja bem difícil para você retribuir o ato de limpar a cozinha, você pode reconhecer e elogiar o trabalho do outro neste aspecto. Assim como se esforçar para não deixar tudo sujo e bagunçado demais para o outro ter de arrumar.
Estas percepções, ter consciência do papel do outro é ato de amor também.
Todos expressamos amor de uma maneira muito pessoal.
Não existe certo ou errado nesta área. O que existe é a necessidade de fazer o outro sentir e perceber seu amor.
Assim como é importante nos sentirmos amados também.
O que faz a diferença é o esforço empenhado nisso.
Não podemos simplesmente esperar receber amor, consideração, carinho se não fizermos o mesmo.
Tire alguns momentos para si e reflita se você tem demonstrado seu amor para seu parceiro.
Você tem expressado seu amor simplesmente por amar ou o faz apenas para não ter aborrecimentos lá na frente?
Toda esta técnica só funciona se realmente existe um desapego, se o foco for o outro e não a sua própria satisfação.
A comunicação é essencial em todo tipo de interação social.
Seja por meio de palavras ou por meio de gestos e atitudes, passar determinada mensagem é o que mantém relações sempre em movimento.
Este movimento significa o renovar-se, aprender com outro e ensinar também.
Esta constante renovação mantém acesa a chama do carinho mútuo.
As linguagens do amor são inúmeras. Estas cinco aqui expostas são só o começo de uma jornada que vale muito a pena de ser percorrida.
Por isso, esteja disposto a aceitar o outro, entender que todos se comportam de determinada maneira porque aprenderam que era assim que deviam se comportar.
Nunca deixe para lá ou vá empurrando com a barriga. É importante permitir-se sentir e expressar suas emoções e sentimentos.
Isso faz bem para todos os envolvidos.
O amor sempre vale o esforço.
Afinal de contas não existe nada mais gratificante do que se sentir amado e amar. Cada um de seu jeito, mas o amar deve ser sempre o principal verbo na sua lista de certezas de ser feliz.
As Cinco Linguagens do Amor