Como superar o sentimento de perda para poder se curar

Enfrentar o luto após o término de um relacionamento tóxico pode ser uma experiência emocionalmente complexa e dolorosa. Inicialmente, pode haver um sentimento de alívio avassalador, como se finalmente fosse possível viver livremente. No entanto, esse alívio é frequentemente seguido por um período de luto, que pode ser confuso e difícil de processar.

O luto depois de deixar um relacionamento tóxico é complicado por várias razões. Em primeiro lugar, mesmo em relacionamentos prejudiciais, é comum desenvolver apego e sentimentos de amor pela outra pessoa. Isso não significa que há algo errado com quem sente, mas sim que é natural experimentar a dor da perda, independentemente da natureza do relacionamento.

Durante o luto, é normal experimentar uma montanha-russa de emoções, incluindo alívio, frustração, raiva, fúria, ansiedade, euforia e tristeza. Esses sentimentos podem ocorrer simultaneamente ou em rápida sucessão, tornando o processo de luto particularmente intenso.

A dor de quem deixa um relacionamento tóxico é ainda mais profunda porque envolve não apenas a perda do relacionamento em si, mas também a perda do amigo ou parceiro que se pensava ter. A descoberta de que a pessoa não era quem parecia ser adiciona uma camada extra de traição e decepção ao processo de luto. Pessoas tóxicas muitas vezes são habilidosas em esconder sua verdadeira natureza até que seja tarde demais, o que pode deixar a outra parte chocada e desorientada quando a “máscara” cai.

Portanto, lidar com o fim de um relacionamento tóxico requer reconhecer e aceitar essa complexidade de sentimentos. Entender que é normal sentir-se dividido entre o alívio da libertação e a tristeza pela perda pode ajudar no processo de cura. A jornada para a recuperação emocional após um relacionamento tóxico é desafiadora, mas também é uma oportunidade para crescimento e renovação pessoal. Reconhecer a própria humanidade e a validade de suas emoções é um passo crucial para superar a dor e começar a reconstruir uma vida mais saudável e feliz.

Abordando a dor e o sofrimento que podem acompanhar as grandes mudanças e perdas na vida, como o fim de um relacionamento tóxico ou a necessidade de se afastar de familiares para proteger a própria saúde mental, essas situações podem levar a múltiplas transições simultâneas, desafiando a estabilidade emocional e a identidade de alguém.

Além disso, reflete-se sobre a perda da própria essência devido a influências tóxicas, seja de um parceiro ou de uma amizade que se deteriorou. A pessoa que antes era alegre e serena pode se encontrar mudada pela experiência, mas há uma mensagem de esperança: é possível recuperar e até melhorar quem se era antes. No entanto, a cura e a reconstrução da própria identidade levam tempo e paciência.

Avance no seu próprio ritmo

O processo de luto é uma experiência pessoal e única, muitas vezes comparada a ser atingido por ondas de tristeza. No início, essas ondas são frequentes e intensas, mas com o tempo, tendem a diminuir em frequência e duração. No entanto, momentos inesperados podem trazer uma onda súbita de tristeza, como encontrar alguém do passado ou ser lembrado de experiências dolorosas.

A cura da dor e da perda é um processo contínuo e não linear. Não existe um cronograma definido para o luto, e ninguém tem o direito de ditar quanto tempo deve durar sua dor ou quando você deve se sentir pronto para seguir em frente. É importante não se apressar ou ser pressionado por outros em seu processo de luto.

Para lidar com a dor, pode ser necessário refletir profundamente ou conversar sobre seus sentimentos. Ignorar a dor pode levar a comportamentos prejudiciais, como desenvolver um vício. Buscar o apoio de um profissional de saúde mental pode ser benéfico para orientar e apoiar você durante o luto. Investir em terapia pode ser valioso, especialmente durante esse período desafiador.

Os estágios do luto de Kübler-Ross

Os cinco estágios do luto, introduzidos pela psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross no final dos anos 1960, são uma estrutura para entender a experiência do luto. Esses estágios — negação, raiva, barganha, depressão e aceitação — são frequentemente mencionados na cultura popular e se aplicam a qualquer tipo de perda, como o fim de um relacionamento, a morte de um ente querido, problemas de saúde ou a perda de um sonho.

Ao contrário da crença comum de que o luto segue uma sequência linear, não há uma ordem específica para vivenciar esses estágios. Uma pessoa pode sentir vários estágios ao mesmo tempo, pular etapas ou revisitar estágios anteriores. O modelo serve para mostrar que, embora o luto seja uma experiência pessoal e única, ele é também uma experiência universal. Compreender que o luto é algo que todos experimentam pode oferecer conforto e a sensação de não estar sozinho nesse processo.

Choque e negação

O fim de um relacionamento pode ser uma experiência desorientadora, especialmente se terminado por uma pessoa tóxica. Nesse momento, é comum experimentar dissociação, um mecanismo de defesa onde a pessoa se sente desconectada da realidade, como se estivesse ausente ou o cérebro tivesse “desligado”. Por outro lado, se a decisão de terminar partiu de você, pode haver uma sensação de alívio, alegria e até mesmo uma falta de culpa ou remorso, especialmente se o relacionamento estava causando mais mal do que bem.

Raiva

Durante o processo de luto, é comum que surja a raiva, que pode ser direcionada a si mesmo, ao ex-parceiro, a amigos ou membros da família. Essa raiva pode ser resultado de ter permanecido em uma situação prejudicial por muito tempo, de ter sido tratado de maneira cruel e injusta, ou de não ter se expressado adequadamente durante o relacionamento. Também é possível sentir raiva de pessoas próximas que incentivaram a saída do relacionamento, mesmo que essa tenha sido a decisão correta.

Barganha

Em momentos de luto ou após o término de um relacionamento significativo, é comum que as pessoas desejem ardentemente a restauração desse vínculo. Esse anseio pode levar a promessas internas de fazer qualquer coisa para reverter a situação, incluindo apelar para a fé ou a esperança em um poder superior. A barganha, como é conhecida em termos de luto, pode envolver o desejo de sacrificar conquistas recentes, como um novo emprego, pela chance de retornar ao relacionamento anterior, seja com um amigo ou parceiro.

Depressão

Durante a depressão, é comum enfrentar dificuldades para realizar atividades cotidianas, como sair da cama, e perder o interesse por coisas que antes eram prazerosas. A depressão pode se manifestar de maneiras diferentes, não apenas como tristeza, mas também como um embotamento emocional, onde a pessoa se sente incapaz de sentir qualquer coisa.

Em casos graves, a depressão pode levar a pensamentos autodestrutivos ou suicidas. É crucial buscar ajuda profissional se esses pensamentos surgirem. O apoio pode ser encontrado através de profissionais de saúde mental ou serviços de apoio como o CVV, que oferece uma linha de ajuda através do número 188.

Aceitação

A aceitação é um marco significativo no processo de luto, indicando o reconhecimento de que um relacionamento terminou e a compreensão de que, eventualmente, um novo sentido de normalidade será encontrado. Essa etapa não significa que o luto tenha sido completamente superado ou que não haja possibilidade de recaídas em estágios anteriores do luto. É normal e parte do progresso contínuo em direção à cura.

Luto complicado

A aceitação é a última fase dos cinco estágios do luto, onde se reconhece e se adapta a um “novo normal” após uma perda. Contudo, em alguns casos, a dor da perda não diminui com o tempo, mas persiste e se intensifica, dificultando a concentração em outras coisas. Esse fenômeno é conhecido como “luto complicado”, afetando uma minoria das pessoas enlutadas. O luto complicado é uma dor mais intensa do que o esperado e pode ser comparado à reação do cérebro ao descontinuar abruptamente uma substância viciante.

Pessoas que sofreram traumas por relações tóxicas podem desenvolver luto complicado, especialmente se a pessoa tóxica continua tentando retomar o contato, impedindo um encerramento definitivo. Sintomas de luto complicado incluem preocupação excessiva, pensamentos obsessivos, evitação de lugares associados à perda, uso de substâncias para fugir da tristeza, mudanças de humor, supressão de emoções, dificuldade em aceitar a perda, negligência do autocuidado, incapacidade de imaginar um futuro sem a pessoa perdida, raiva intensa, dificuldade em realizar atividades diárias e pensamentos suicidas.

Fatores de risco para o luto complicado incluem depressão pré-existente, ansiedade, abuso de substâncias, problemas de saúde física, dependência emocional, culpa, falta de apoio social, conflitos familiares, autoimagem negativa e relacionamentos hostis ou conflituosos com a pessoa perdida. Se alguém está vivenciando um luto que não melhora e interfere no cotidiano, é aconselhável buscar ajuda de um profissional de saúde mental especializado em luto e perda.

Perda em vida e perda ambígua

A perda em vida, também conhecida como perda ambígua, é um tipo de dor que muitas pessoas experimentam ao cortar laços com amigos ou familiares devido a comportamentos tóxicos. Essa experiência pode parecer especialmente complicada e interminável, pois, diferentemente de um luto tradicional, ela não é motivada pela morte física de alguém. Nesses casos, a pessoa que provocou o sofrimento ainda está viva, deixando os afetados em um estado de incerteza e limbo emocional. A expectativa de que um dia a situação possa mudar ou de que o relacionamento possa ser restaurado mantém as emoções confusas e a dor prolongada. Até mesmo quando não há mais desejo de reviver o relacionamento, há situações nas quais o contato é inevitável, como ao ter filhos ou trabalhar na mesma empresa.

Essa conexão contínua dificulta a aceitação do fim do relacionamento e o início de uma nova vida. O processo de luto torna-se ainda mais complicado, pois falta um desfecho claro e final, e a vida parece continuar envolta em incertezas. Muitas vezes, as pessoas precisam alcançar um ponto de conclusão por conta própria, aceitando a realidade de que talvez nunca consigam o encerramento emocional que desejam. A criação de um final simbólico é uma forma de processo de cura, onde a pessoa pode escrever mentalmente o restante da história.

O “Momento de Reflexão: Crie seu próprio final” oferece uma técnica para encontrar algum alívio, orientando a pessoa a escrever sobre como o relacionamento tóxico terminou e imaginar o futuro. A atividade ajuda a explorar o que pode ser conquistado agora que não há mais o peso de um relacionamento prejudicial, e como os comportamentos ou restrições impostos pela outra pessoa não mais afetam o crescimento pessoal. Ao anotar os pensamentos, a pessoa pode entender como se tornar uma versão mais saudável e livre de si mesma, encontrando novas oportunidades e experiências que antes estavam fora de alcance.

A perda ambígua também pode envolver situações onde a pessoa precisa conviver regularmente com o causador do sofrimento. Nesses casos, é ainda mais difícil obter a paz necessária para seguir em frente. O reconhecimento dessa realidade é crucial para quem sofre com a perda em vida, pois entender a natureza da dor pode ajudar a encontrar maneiras de processá-la. A mudança de foco para o crescimento pessoal permite que a pessoa se reconstrua, mesmo que o passado continue presente em alguma medida.

Quando uma pessoa tóxica morre

Jessie cresceu em uma casa marcada pela toxicidade. Sua mãe, que colocava as quatro irmãs umas contra as outras, via Jessie como uma “garota má”, porque ela se metia em problemas na escola. A mãe a punia com severidade, enquanto cobria as outras irmãs com elogios e presentes. Em um Natal, Jessie acordou animada e desceu as escadas para encontrar nada sob a árvore, enquanto suas irmãs ganhavam mais presentes do que o habitual. Quando ela começou a chorar, a mãe a repreendeu, dizendo que ela não merecia nada por ser tão problemática. As palavras cruéis de sua mãe ressoaram na mente de Jessie, que nunca as esqueceu.

À medida que crescia, Jessie tentava se afastar de sua mãe e das irmãs, e com a ajuda de um terapeuta, percebeu que não era culpada pela maneira como a tratavam. Nos seus 20 e poucos anos, ela finalmente cortou todos os laços com elas. Cinco anos depois, recebeu um telefonema inesperado de uma de suas irmãs, dizendo que a mãe estava morrendo e que Jessie tinha uma última chance de se reconciliar. Jessie sentiu-se jogada de volta ao papel de “garota má” e estava dividida entre evitar a família ou buscar algum tipo de encerramento. Ela decidiu visitar a mãe para se despedir.

No hospital, ficou chocada ao encontrar a mãe muito diferente da figura imponente que lembrava, agora pequena e fragilizada em uma cama. Respirou fundo, na expectativa de um pedido de desculpas, mas a mãe apenas zombou dela com comentários ácidos, incapaz de demonstrar qualquer mudança. Depois de meia hora, Jessie não suportou mais o ambiente hostil, saiu do hospital e foi direto para casa, sentindo-se raivosa, mas também devastada.

Na sessão de terapia seguinte, Jessie chorou. A terapeuta lhe disse que ela tinha feito o que achava certo, embora as coisas não tivessem saído como esperava. Aconselhou Jessie a se lembrar de que eventos difíceis não transformam pessoas ruins em boas, e a parabenizou por sua coragem, saúde e independência, apesar de sua criação problemática. Jessie optou por não ir ao funeral da mãe e, em vez disso, fez uma viagem que estava planejando havia muito tempo. Apesar de ainda estar trabalhando sua dor pelo relacionamento quebrado com a mãe e as irmãs, ela finalmente encontrou paz.

Jessie é apenas um exemplo de alguém que teve que lidar com um relacionamento tóxico em meio a conflitos internos. Ela sentiu a perda, mas não da mesma forma que seus amigos sentiram ao perder pais emocionalmente saudáveis. Em vez disso, lamentava a mãe que deveria ter tido, alguém que a apoiasse e amasse genuinamente. Ter sentimentos contraditórios em relação a uma pessoa tóxica que faleceu é normal. Pode-se sentir raiva, alívio, tristeza, desapontamento e até euforia, às vezes simultaneamente. É comum lembrar de momentos bons apenas para, logo em seguida, ser inundado por memórias que se gostaria de esquecer.

Quando alguém diz a Jessie que sua mãe está “em um lugar melhor”, ela sente que essas palavras não correspondem ao que viveu, pois sua mãe transformou sua vida em um inferno. Ela sabe que admitir abertamente que está aliviada com a morte de sua mãe não é o que os outros esperam ouvir. Para ela, a experiência de registrar seus sentimentos em um diário ou expressá-los a um profissional de saúde mental pode ajudar a organizar suas emoções e processar o luto. Quanto mais se fala e escreve sobre isso, menor é a chance de desenvolver um luto complicado.

É importante reconhecer que não há uma maneira certa ou errada de se sentir quando uma pessoa que causou dor morre. A reflexão escrita pode ser um exercício valioso para entender melhor o progresso emocional e identificar crescimento pessoal. Se o luto parece persistir, reler os sentimentos escritos anteriormente pode revelar avanços maiores do que os esperados.

Outra técnica útil é escrever uma carta para a pessoa falecida. Essa carta pode ser usada para expressar as lembranças, os impactos que essa pessoa teve na vida e como mudou a visão de mundo do autor. É um espaço para falar sobre o legado deixado e como se curar dele. A carta pode ser guardada para revisão posterior ou descartada simbolicamente ao ser rasgada ou queimada.

Jessie continua em um processo de cura, trabalhando para lidar com as feridas deixadas por sua mãe e irmãs. O apoio de um terapeuta e os exercícios de reflexão são fundamentais para ajudá-la a encontrar paz. Ela é um exemplo de como, mesmo diante de experiências tóxicas, é possível seguir em frente e construir uma vida saudável, livre do fardo que a toxicidade trouxe ao longo dos anos.

Deixar um emprego devido a um ambiente de trabalho tóxico pode deixar marcas profundas na carreira e no bem-estar de uma pessoa. Quando um colega ou chefe torna a vida profissional insuportável, muitos acabam desistindo de oportunidades valiosas, mesmo que sua saída traga um certo alívio do estresse emocional e físico. No entanto, sair desse ambiente pode parecer uma perda injusta, especialmente quando o comportamento de outra pessoa interrompe o progresso profissional que se conquistou com tanto esforço.

Para superar essa experiência e começar a se curar, uma das melhores estratégias é buscar novas oportunidades. Reconectar-se com antigos colegas que foram parceiros de trabalho pode ser útil, e descobrir se suas empresas estão contratando pode abrir portas para novas posições. Antes de se comprometer com uma nova empresa, é importante perguntar a funcionários passados e atuais sobre suas experiências, certificando-se de que o ambiente de trabalho seja saudável.

Mudar de setor também é uma opção a considerar. Um orientador vocacional pode ser uma excelente fonte de apoio e direção nesse momento. Esses profissionais têm formação em psicologia e estão aptos a ajudar na identificação de novas carreiras que combinem melhor com os interesses e talentos individuais. Além disso, podem auxiliar no processo de luto, discutindo como experiências anteriores impactaram o bem-estar e autoestima, além de abordar questões do passado que possam ter influenciado as escolhas profissionais. Eles oferecem suas consultas tanto presencialmente quanto online.

Um grupo de apoio específico para pessoas que passaram por ambientes de trabalho tóxicos pode ser um recurso adicional valioso. Se o orientador vocacional não tiver conhecimento desses grupos, pode sugerir outras opções de suporte. Vale lembrar que um coach de carreira é diferente de um orientador vocacional, já que, apesar de ajudar com currículos e entrevistas, não tem a formação necessária para abordar questões emocionais mais profundas.

Maricela, uma das muitas que enfrentam ambientes de trabalho tóxicos, compartilhou sua história sobre como pensava estar fazendo uma ótima escolha profissional, apenas para encontrar um chefe que a atormentou. Ela se demitiu, mas sentiu que não houve justiça.

Para processar essas experiências difíceis, o “Momento de Reflexão: Revise sua Experiência de Trabalho Tóxico” incentiva a escrita sobre o que se passou no local de trabalho. Esse exercício ajuda a digerir os eventos traumáticos e, mesmo que não os apague da memória, pode torná-los menos intrusivos e mais administráveis. Registrar o que se gostava no trabalho anterior também é importante, pois permite identificar aspectos que se deve buscar em futuras posições. Pode-se perceber que, apesar de um chefe agressivo, trabalhar em equipe com colegas era agradável, ou que a cultura da empresa combinava com seus valores, apesar de um colega sabotar seu trabalho.

Anotar as lições aprendidas com a experiência ajuda a moldar decisões futuras e pode ser compartilhado com o orientador vocacional, caso esteja consultando um. Isso permitirá que o profissional ofereça orientação mais eficaz. Identificar o que se procura e o que se deve evitar pode contribuir para encontrar ambientes mais saudáveis, onde seja possível crescer profissionalmente, livre das sombras deixadas pelo passado.

Essas reflexões e estratégias ajudam a pessoa a perceber que, apesar das perdas e injustiças enfrentadas, há maneiras de seguir em frente. Mesmo que a experiência tenha sido amarga, ela pode servir como um catalisador para encontrar um emprego mais satisfatório, um ambiente de trabalho mais saudável e uma carreira que realmente traga satisfação e realização pessoal.

O luto na coparentalidade

Quando alguém se encontra na posição de cuidar de uma pessoa conflituosa, lida com múltiplos níveis de sofrimento e estresse. Essa pessoa lamenta o relacionamento saudável que imaginou ter e sente a ausência do parceiro que conheceu no início do relacionamento. O ex-parceiro pode não ser mais reconhecível, e certamente não corresponde à figura idealizada, seja como parceiro ou como pai que os filhos merecem.

Há uma tristeza profunda pelo fato de os filhos não terem o pai ideal. Há também a possibilidade de sentir raiva não apenas do ex-parceiro, mas de si mesma, especialmente se houver dificuldades para perdoar-se por ter permitido que a situação chegasse a esse ponto. Em casos extremos, pode surgir até mesmo o arrependimento de ter tido filhos com essa pessoa. Esses sentimentos, embora sejam difíceis de expressar, não são incomuns. Muitas mães enfrentam o temor de serem consideradas “desnaturadas” ou de serem julgadas por essa frustração, mas é fundamental entender que esses sentimentos conflituosos são normais e merecem ser reconhecidos.

O luto e o estresse decorrentes da coparentalidade com uma pessoa difícil podem prejudicar os relacionamentos, tanto com o ex-parceiro quanto com os próprios filhos. Por isso, pode ser benéfico buscar a ajuda de um profissional de saúde mental, especializado nas complexidades de coparentalidade com uma pessoa propensa a conflitos. Esses profissionais oferecem suporte para lidar com problemas à medida que surgem, proporcionando estratégias para enfrentar a situação.

Além disso, o apoio de um coordenador parental pode ser crucial. Essa pessoa pode atuar como um mediador, ajudando a facilitar o relacionamento entre pais e promovendo uma cooperação que minimize os conflitos e proteja os filhos do impacto negativo das disputas. Para obter mais informações sobre coordenadores parentais, é possível consultar fontes adicionais, como os capítulos mencionados no texto original.

Marie, uma mãe que viveu uma experiência complicada, reflete que se soubesse o que sabe hoje, nunca teria tido um primeiro encontro com seu ex. Agora, ela precisa lidar com ele pelo resto da vida. Este tipo de situação gera sentimentos de frustração, mas também demonstra a importância de abordar essas questões de forma honesta e aberta.

Para entender melhor o impacto emocional de criar filhos com um ex-conflituoso, pode-se fazer uma autoavaliação, respondendo a uma série de questões. Se a maioria das respostas for “sim”, isso pode indicar a necessidade de buscar a orientação de um profissional de saúde mental ou de um coordenador de pais. As perguntas incluem:

  1. Sente-se ressentida com seus filhos?
  2. Sente raiva do pai de seus filhos na maior parte do tempo?
  3. Questiona sua capacidade como mãe após interações com o ex?
  4. Gostaria que o ex desaparecesse completamente?
  5. Descobriu que não quer que seus filhos passem tempo com o pai?
  6. A maioria das interações com o pai resulta em brigas?
  7. Sente que o pai dos seus filhos a está assediando?
  8. O pai dos filhos não paga a pensão alimentícia?
  9. Acha que o ex constantemente testa os limites do plano parental?
  10. É difícil não falar mal do pai na frente dos filhos?

Responder afirmativamente a essas questões pode significar que buscar ajuda é fundamental. A orientação de um profissional qualificado pode oferecer estabilidade e suporte, não apenas para a pessoa, mas também para os filhos, ajudando-os a desenvolver um ambiente mais seguro e saudável, mesmo que o pai continue agindo de forma negativa.

Reconhecer esses sentimentos e buscar apoio é um passo importante para garantir que as emoções conflituosas não interfiram no bem-estar dos filhos ou na saúde emocional da pessoa que se encontra nessa situação.

Apoie-se enquanto passa pelo luto

Para auxiliar no processo de luto, é essencial criar um ambiente que favoreça a cura. Isso pode ser feito buscando conexões com pessoas que possam oferecer conforto e garantir que suas necessidades emocionais sejam atendidas.

Compartilhar com os Outros:
Durante o período de luto, é importante comunicar aos amigos e familiares de confiança o que está passando. Isso facilita o apoio necessário, mas é crucial cercar-se de pessoas saudáveis, especialmente após sair de um relacionamento tóxico. Caso não tenha certeza do que precisa, não há problema em admitir isso. O luto pode ser uma montanha-russa emocional e os entes queridos precisam saber disso.

Estabelecer Limites:
Informe claramente que não deseja falar sobre a pessoa ou situação tóxica, a menos que você mesma traga o assunto à tona. Essa abordagem pode evitar comentários prejudiciais que retardem o processo de cura.

Reações Bem-Intencionadas:
Por vezes, amigos e familiares podem fazer comentários mal formulados por não saberem o que dizer. Mesmo sem má intenção, esses comentários podem ferir, especialmente quando a pessoa enlutada já está emocionalmente fragilizada. A dor pode ser maior quando essas palavras vêm de pessoas que se considerava de confiança.

Analisar Intenções:
Diante de comentários insensíveis, pode ser difícil discernir se foram feitos por malícia ou simples falta de tato. Avalie os padrões de comportamento: se a pessoa já fez comentários rudes ou cruéis anteriormente, talvez seja alguém tóxico, com quem convém cortar contato sem explicações. Caso contrário, considere dizer diretamente: “Sei que você está tentando ajudar, mas dizer o que devo fazer durante meu luto me prejudica. Preciso apenas que me ouça”. Expressar as necessidades claramente pode facilitar um entendimento mútuo e ajudar a avançar juntos.

Ao ser proativa na comunicação, a pessoa enlutada pode encontrar caminhos para superar a dor enquanto recebe apoio e compreensão.

Mantenha limites saudáveis

Estabelecer limites com outras pessoas é vital quando se trata de sair de situações tóxicas. Muitos que enfrentaram relacionamentos problemáticos podem sentir que não sabem mais como impor limites adequados, mas isso não significa que nunca foram capazes de fazê-lo. Ao longo do tempo, esses limites podem ter sido desmantelados por manipulações e comportamentos destrutivos.

Uma das formas mais eficazes de se proteger e cuidar de si mesmo é aprender a dizer “não”. A palavra “não” é suficiente por si só; não é necessário fornecer explicações ou justificativas, embora seja socialmente aceitável adicionar algo como “Não, mas obrigado por perguntar”. No entanto, ninguém é obrigado a fornecer razões para recusar pedidos.

Revisitar a prática de estabelecer limites pode ajudar a reforçar as barreiras emocionais necessárias para se proteger. É importante aprender a dizer “não” sem culpa e com confiança, sabendo que isso contribui para a saúde mental e emocional.

Para mais conselhos e estratégias sobre como reforçar seus limites pessoais, é um recurso valioso que fornece orientações detalhadas. Ele aborda maneiras de se reconectar com suas necessidades e de construir barreiras saudáveis que promovam relacionamentos mais equilibrados e uma vida mais segura.

Priorize sua rotina de autocuidado

Quando alguém passa pelo luto, é essencial dedicar tempo para cuidar de si mesmo. A saúde física e emocional precisa estar em primeiro lugar, pois é um aspecto crucial do processo de cura. Quando alguém está fisicamente melhor, através de um bom sono e de exercícios regulares, é mais provável que se sinta melhor mental e emocionalmente. Praticar exercícios ajuda a reduzir inflamações que podem desencadear transtornos depressivos, e manter um sono regular pode ser desafiador devido à ansiedade ou ao transtorno de estresse pós-traumático, mas faz uma diferença positiva na saúde mental.

Praticar a autocompaixão, tratando a si mesmo como faria com seu melhor amigo, é uma maneira de aliviar dias difíceis, dando permissão para descansar e encontrar a motivação para avançar. Se precisar de ideias para cuidar melhor de si mesmo,  contém sugestões úteis de autocuidado.

Além dos exercícios, buscar apoio em grupos, terapia e manter um diário são estratégias que muitas pessoas encontram para acalmar a mente. Atividades como carpintaria, artes plásticas ou qualquer outra forma de expressão prática podem ser terapêuticas e ajudam no processo de luto. Às vezes, simplesmente sentir os sentimentos é a melhor forma de superá-los. Mesmo nos momentos mais intensos de dor, é útil lembrar que esses sentimentos são temporários e que haverá dias em que a tristeza cederá espaço para o bem-estar.

Se estiver enfrentando um período desafiador, reserve tempo para si mesmo. Isso pode fazer uma diferença notável, permitindo uma recuperação gradual e natural que valoriza suas necessidades e ajuda a criar um ambiente onde a cura pode florescer.

Envolva-se numa causa

Quando alguém começa a recuperar o equilíbrio e segue em frente após enfrentar uma perda, uma forma de reconstruir um senso de propósito é se voluntariando para um grupo ou causa em que acredita. Essa reconexão com os outros ajuda a encontrar as coisas boas da vida, ao mesmo tempo que dá um significado maior ao cotidiano.

Passar por uma perda envolve um processo de luto, e quando a perda está ligada a um relacionamento ou situação prejudicial, a dor pode ser ainda mais complexa. Mesmo que o objetivo final seja aceitar a perda, o luto pela ausência de alguém tóxico, especialmente se ainda estiver vivo, pode ser extremamente desgastante. No entanto, há maneiras de superar essa dor, e este texto aborda estratégias para voltar a se sentir bem consigo mesma novamente.

Quando se sentir pronta, participar de atividades voluntárias pode ajudar a restaurar um senso de propósito, proporcionando a chance de ajudar outras pessoas enquanto se encontra algo de valor na própria vida. É uma forma de encontrar significado, tornando mais fácil seguir em frente com positividade e resiliência.

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